Sem título
Data 10/08/2017 18:11:35 | Tópico: Poemas
| Deste lado, remansa o rio e grita o grito do homem afogado no dia de todos os santos de 1984 (pouco passaria das três manhã, eis o que dizem, embora ninguém o saiba por certo). Do outro lado, um nu descampado, antes pertença do Joaquim da Maia. Veio a Junta e uns quantos homens e mulheres acenando com o papel dos baldios e roubaram-lhe a propriedade, justificando-se com não sei quê das leis. Tão descampado como dantes permaneceu, apenas o dono mudou - o que não lhe importou assim tanto. É agosto e observo as minhas netas e as minhas sobrinhas-netas correndo aflitas - fingindo-se aflitas - pela água. A meus tornozelos remansa o rio e quase ouço o grito do homem afogado. Mas nada me apoquenta, tenho o descampado da Junta desinteressado de lhe terem mudado a senhoria e crianças felizes chapinando na água. Haverá agostino quadro assim?
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