
Carilada de pescada leva farinha Maizena
Data 12/08/2017 10:06:36 | Tópico: Crónicas
| Ao Homem comum não deve ser possibilitado a visão do invisível. Ao louco, não devem mostrar o impossível, esse irmão do poder. Facilmente, onde havia Quimeras, haverá um cão vadio e pulguento (às manchas, ainda por cima). As Esfinges, enigmáticas e inquisitivas, darão ares de gata rouca e medrosa, em tons siamesa, do sol de verão fábil e ventoso. Se o homem comum for louco, e se as alucinações que tem forem controladas com mantras e beliscões no ante-braço direito, o mais acertado, é o rabo de cobra da Quimera falar com a asa direita da Esfinge e começarem um palavrar incomum.
- Prazer em conhecer-me! Como me chamo? Diz a que estragula.
Silvando da cauda. Ruge. - Diz-me tu! Muito gosto em olhar nos olhos teus que, derrapinos, me despem, ainda que nú ande... Incapaz de disfarçar a enorme atracção que lhe sente.
A Esfinge espera a resposta. A Quimera sabe que já respondeu.
Segue a segunda tagarelando, sobre as porções de infinito que existem num fotão à velocidade da luz. A Esfinge resolve ser paciente num sorriso. Afinal não é todos os dias que vem ter consigo um gajo metade leão, metade cabra, e cauda com pouco veneno. O leão em si ronrona, descompassadamente.
Um cão a enroscar-se numa gata! (pensa um transeunte esfregando os olhos e a pegar com a terceira mão no smartphone, para mandar para o ioutubas).
Nisto, o homem louco pensa: Pronto! É agora que a Esfinge vai estrangular a Quimera! Ela enganou-se na resposta!
A gata lambe-lhe o focinho e diz-lhe num miado rouco e pausado:
- Até amanhã...
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