Quando eu, poema...

Data 13/08/2017 13:22:06 | Tópico: Poemas

Quando eu, poema, nasço
De um regato pueril,
Nas águas de Março
Deságuo no Abril.

Já nasço filho bastardo
De um simples rabisco
De um padrasto bardo
Um tanto lírico e lunático
Que ejaculou um asterisco
Dentro de um dicionário
E, logo após o coito,
Quando venho à luz
Se despede de mim.

Assim o vate deduz
Que sou causa do efeito
E, num repente, de repente,
Eu sou repatriado para o meio
Ambiente igual se folha feito
Fosse, ao dessabor do vento,
Sem saber onde fazer morada...

Hoje, com o digital advento,
Estou por toda parte, a qualquer
Momento, aguadando quem me quer,
Esperando alguém que me leia
Entre tantos outros nessa teia
Pois sou anexo embrionário
De meu padrasto visionário
Que liga o Reino a Aldeia...

Quando, eu poema, saio
Pelo mundo, sou centelha,
Brasa, qualquer sopro
Me ateia
Se, por acaso, eu caio
É que aguardo
Quem me ame
Quem me... Queira!





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