
Os Ladrões da Noite
Data 22/09/2017 21:28:35 | Tópico: Poemas
| Embebedam-se de sangue e repousam sobre os corpos putrescentes, os ladrões da noite. Inimigos dos boêmios e dos poetas que vagam... Aproximam-se sorrateiros, os ladrões da noite - oh, criaturas repugnantes! Ao luar espreitam... Rastejam, urram e espantam as frágeis garotas e outros passantes amantes da noite.
Seres sem alma que dissipam a calma. Como pode um poeta escrever, se não há vida lá fora? Nem um Ser, uma mulher a quem oferecer uma flor ou sussurrar versos de amor... Só o sofrimento tem lugar, nesta noite vazia e vã... Desapareçam, ó crias de satã!
E o boêmio, que entre um copo e outro, as mágoas pretende afogar? Numa mesa de bar, só e triste... Ouvindo aquela canção.... sentindo-se o verdadeiro astro, ao reconhecer em si a desventura cantada – “mais um uísque!” “Mais uma dor!”... A boate cheia... E nada para acalmar...
O temor toma conta, e a cidade se esconde. A tormenta é tanta, pois real e próxima, Que nada se vê, ouve ou acontece... E o Poeta? O Boêmio? Ai, de que ama!... “Ninguém nos roubará a noite!”, exclama o poeta. Num impulso, o boêmio abre do bar a porta e...
Toda a vizinhança se põe à janela a espiar:
“Será o momento!? Já era tempo!”
|
|