Finjo compreender os outros.
Data 29/10/2017 09:04:48 | Tópico: Poemas
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Finjo compreender os outros Sobretudo os mortos, minha memória Tanto faz lembrarem quando me for, Se nada fiz de bom a ninguém,
Nem a mim tampouco, indiferente Ao circo, a indiferença é um cinzel Que me iguala aos outros nos cantos, Reduz arestas, sobretudo aos mortos
Das campas rasas como estas daqui, chuva é detergente, erva não cresce, Finjo entender dos outros sobretudo A poesia, não faço parte do publico
Fraudulento estragado, não me apraz Ser enterrado no vão de um buraco Feito no chão, igual aos outros mortos, Aos quais o inútil não destrói, a mim
Me dói tanto que me transforma em Lívido, eu que era do tom das alvoradas, De total silencio, de quando tudo é mudo, Finjo compreender os outros qb,
Sobretudo os mortos da praça Camões, Do numero dez em diante, incenso branco Sentimento de culto, Pascoaes, Finjo compreender nos outros,
O comum comigo no exterior, Olhos e ouvidos, o resto são males de sono, Tão brancos, breves quanto alucinações De louco, fujo de compreender isso
Quase tudo, sobretudo nos poetas mortos Despidos da matéria, sonho o absoluto Em quadrantes de sombra e lua, Imortal a poeira antes de ser ouro puro,
Tudo o resto males e marés de esforço, Olhos e ouvidos comuns a um umbigo Dos outros comigo... Finjo compreender outros, esses.
Joel Matos (09/2017) http://joel-matos.blogspot.com
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