O amor adoeceu (reedição)

Data 18/05/2018 18:32:45 | Tópico: Poemas -> Fantasia

O amor adoeceu.

Febril o amor cedeu
doente de desilusões
a face baça, sem brilho
os olhos brilhantes e,
humilhado o coração
mandou o sangue
correr devagar porque
precisava pensar.

O ponto de interrogação
avançou e completou
a observação com um
pulso fraco e incerto e,
um neurónio mais atrevido
esgueirou-se até ao palato
e fez a língua bater no palato
enquanto os lábios perguntavam:
“estou doente?”

Vem de lá uma aspirina
disparada a jacto e grita:
“Ora vamos a engolir-me
que tenho trabalho a fazer”

O neurónio que era louro
esfusiante correu ao cérebro
a contar que já havia remédio,
enquanto isso o pulso abrandava,
e vai daí um indicador
toma de assalto a veia
do pulso mais próximo,
contou até 50 e disse:
“este daqui, já não vai longe”
e proclamou aos outros dedos
que se entrelaçassem
de mãs unidas sobre o corpo,
á espera do último suspiro.

O amor moribundo
correu do coração ao cérebro
a pedir ajuda
que a situação era grave.
Mas a loura da aspirina
já por lá tinha passado
baixando a temperatura do corpo.
mesmo assim uns neurónios
que estavam acordados mandaram
dizer que já era tarde, e
que chamasem o padre.
Vem o padre na correria
Traz o terço e os paramentos na mão
chega e diz:
“eu te absolvo meu filho,
vai em paz ter com o Senhor”.
nisto a alma que estáva assustada
solta de lá um suspiro e calou-se.

Tinha morrido o amor!

Eureka



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