Morreu um poema

Data 29/03/2008 20:32:25 | Tópico: Poemas -> Introspecção

Comprei um poema na farmácia da esquina
E na esquina com ele escondi-me do mundo
Deixei-me consumir por todas as imagens
Contidas em mil palavras quase mundanas
Era erótico e exótico e crónico e rimado

Depois muito antes de chegar ao âmago
Filtrei e revi as palavras letra a letra
Sobraram algumas sílabas por inteiro
Era pó de um pó elixir de vida e morte
A quem chamam de herói e absinto ópio

Perdi-me na esquina que se tornou mundo
E ao meu redor tudo se assemelhava ao poema
Que comprara na farmácia da esquina que não é
Amarrotei o poema e tudo em volta se amarrotou
Mas qual seria a realidade da minha alucinação?

Estava numa esquina e afinal tornei-me labirinto
Acordei e a sensação é que não estava a dormir
Tudo não passava de um poema confuso sem mensagem
Voltei a acordar e não havia entrada nem saída
Morri dentro do poema feito de poeira e vida




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