Caravelo

Data 11/09/2018 21:10:35 | Tópico: Poemas

O meu cais é o fundo do mar,
navego
à bolina do vento,
assim queiram o mastro e a vela.

Tendo o futuro por proa,
sei
que a bordo vai todo o pergaminho
do que me recordo,
tendo as ondas por caminho.

Lições de aritmética somando derrotas,
ocasionais vitórias,
raramente tomando notas,

memórias.

Esculturas de areia,
os castelos de cartas
de marear,
as estações das sementeiras semeando os ventos,
fartas sereias,

Tudo o que me resta, de punho cerrado,
com o tempero da maresia,
imagino.

Miro as dores do albatroz na faina,
o cruzeiro do sul,
e quando o céu no seu pino dá-me o norte,
envelheço.

Vou ancorar
no fundo do mar.




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