Reduzo a cinza as cartas de amor
Data 13/09/2018 16:58:37 | Tópico: Poemas
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Escrevo cartas de amor com a consciência de que despertar o amor em outrem permanece um segredo. Escrever cartas de amor é um gesto dos Homens que oferecerem terras e montes, às aves inocentes, o espanto, dos campos fecundados pl`a lua.
Escrevo cartas de amor com o instinto das manhãs, abertas com o assédio da flor inicial, gerada no cálice cinzelado pela noite. Pelo dom do lume, pela fome dos bichos, nasce a videira do espírito, mantimento da palavra.
Na palavra que escrevo habita a carne presa à vida breve, em tempo breve. Para ao sonho se chegar, pede a margem, outra margem. Pois, o mundo principia na crença, no céu e no mar, ao som da harpa da vida, por a beleza passar na espuma dos dias.
Reduzo a cinza as cartas de amor, por o amor criar suplício. Nasce a sua cura na criação do amor plural, no fiel e infiel, na secreta existência do alheio. É [sempre] entre a multidão a descoberta da outra metade da maçã.
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