CANTO SOLITÁRIO

Data 25/11/2018 19:25:57 | Tópico: Poemas



Entre o brilho das bordas
dos castelos prateados,
onde brancas nuvens dançam
pousadas nas negras
pedras da montanha
de sopé com cerração.

Meus olhos viram.

Raios fantasmagóricos
rasgando o céu,
rompendo em esplendores
dourados de sol inda
morno e sonolento...

`hoje choveu de manhã`

A mata alta ainda dormitava,
havia o verde na penumbra.
Iniciado o chilrear da passarada,
destaque o canto do bem-te-vi.

Sempre ele, o bem-te-vi.

Bem-te-vi... Bem-te-vi...

E o sol deslizou manhoso.

Na mata breu, o verde nasceu,
verde molhado porque choveu.
Choveu, molhou, inda assim coloriu.
Coloriu depois que amanheceu.

Sorriso de pouco tempo...então;

O sol cresceu, o sol ferveu,
secando o verde da mata, queimou.
Morreu, e a passarada morreu,
morreu toda a passarada
na terra que não mais choveu.

Sofri, sofri, quanto sofri!

Pois a seca não cedeu.
Só mais longe é que choveu,
voltou o verde da mata breu
Não voltou a passarada,
mas um canto me fez sorrir,
só meu.

Ele voltou, não morreu.
Não morreu o Bem-te-vi.

Bem-te-vi... Bem-te-vi...Bem-te-vi...



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