
A Porta Aberta
Data 11/02/2019 01:04:45 | Tópico: Poemas
| Foi-se embora sem se despedir. Nem ao menos um adeus deixou. Não teve dó nem piedade de mim. Naquele dia um homem chorou.
Deixou a porta aberta e uma ferida. Nem sequer voltou para trás a face. Foi-se embora numa estrada comprida Igual raios de sol num final de tarde.
Fiquei a chorar na cama e na vida Umedecendo o lençol e travesseiro, Adentrando-me tamanho desespero Que nada ousou dizer minha língua.
Vi-te dissolvendo entremeio brumas, Desaparecendo em um denso nevoeiro... Não pude conter o comando dos dedos Que, por si só, esticaram a tua procura.
Tombei, abatido em noites escuras. Em prantos me perdi em pesadelos, Em ondas envolventes de espumas Que me arrastavam pelos cabelos...
Blasfemei contra Deus e os homens. Maldisse contra os céus e os infernos. Incinerei meu poema de mil versos. Apaguei a tatuagem com teu nome.
Foi-se embora sem se despedir. Nem ao menos um beijo deixou. Lágrimas tantas saíram de mim Que um outro oceano se formou.
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