BOEMIA, EIS-ME AQUI

Data 20/03/2019 18:16:26 | Tópico: Poemas




Boemia;
eis-me aqui mais uma vez.
Retornei ao meu reduto,
cansei daquela vida insossa,
perdida, enclausurada, muda
qual uma ostra, sem saber mais
a cor e o som da poesia.

Vestirei o manto da noite breu,
minha alma trôpega e áptera,
engendrar-se-á pelos becos
furtivos, quais me acalmam.

Baterei às portas dos botequins,
beijarei suas bocas de luz
semi-abertas nas madrugadas,
abraçarei minhas antigas parcerias.

Pedirei o aplauso das vagabundas,
ao flanar bêbado entre as mariposas;
“minhas doces butterflies noturnas”
que pousam nas cordas do meu violão.

Este, tão companheiro e tão culpado,
que teima um samba canção dolente,
entoando um chorar enlutado,
enquanto bebo pelo meu irreversível fim.

Os acordes soam dispersos em minh’alma,
promessa de eu esquecer o teu olhar, enfim.
Dei todo meu coração ao vício, embriagado,
pela prematura morte do seu amor por mim.






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