
quarenta e dois, Bill Withers
Data 25/08/2019 08:38:23 | Tópico: Poemas
| O meu espelho é um rio que passa depressa.
Corrente que não se espaça; no seu lugar apenas começa.
Conto luas cheias à velocidade da luz. E tardes cruas nas veias. Pergunto-me se ainda vou a tempo, da graça, de ver a água que passa.
Em cada regresso ao passado que guardo num perfume velho, descubro hoje um aroma, ao acaso, e temo a medo o atraso…
O que será que se atrasou comigo, que à velocidade cobre da brisa, deixei de degustar, guardar na boca, dissolver na saliva?
Caviar, beijo, orgia… (sem dúvida, orgia)
Entre correntes e prisões e tantas outras liberdades, há metades que correram inteiras, pés atrás que seguiram em frente.
Hoje ouvi um belo dia, no meio de um dia belo, cedo.
Tirei da coberta mais um dado adquirido que me custa e maravilha.
É quando me apanham no que sou menos, que sei que ainda posso, sei ali, reinar numa captura, que rebento num riso, num pranto, num poema.
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