Adrenalina
Data 15/10/2019 17:50:58 | Tópico: Poemas
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Eu moro em mim Mas as vezes sinto saudade de casa Me transformei em Odin Jurei, igual fez o Fábio Brazza
Minha alma é negra igual Zumbi Melanina transcendental Minha aura sempre foi tons de rubi Preciosidade num corpo de cristal
Minha consciência é rosa dos ventos No meio do nada apontando direções Sou Mandela perdoando os tormentos O ódio não constrói edificações
Carrego todos os sonhos do mundo Salve Pessoa, eu também sou assim Não sou tudo, não posso querer ser tudo Mas o nada não deve fazer parte de mim
Sou Santos Dumont em cada verso Pioneiro nos voos tipo o 14 Bis Mas eu quero o céu do universo Não me contento com o céu de Paris
A vida não faz sentido, a vida se faz sentindo Crente duvidando, ateu fazendo prece Tragédia amarga, a amargura sorrindo Tô escrevendo Macbeth, me chame de W.S
São racistas de época igual o Lobato Polemizando igual o Lobão Fazem festa abrindo o primeiro ato Mas sou Nelson Rodrigues trazendo a conclusão
Eu sou o Senhor Coelho Mas tô tipo Alice perdendo a lucidez Jesus me dando conselho Mas eu sempre fui judeu com surdez
Diz quem não conhece o Ip Man: "Mano, o Bruce Lee é tão foda" Cita o simpatizante da Ku Klux Klan: "Preto tem que tomar banho de soda"
(Hipocrisia Revolução de caneta Rebeldia De um ego batendo punheta)
É sobre o muro de Berlim Não sobre as muralhas de Jericó O que mais querem de mim? Revolução de um homem só?
Eu sou mesmo não querendo ser Ser é um verbo transitivo indiscreto Não fazem mesmo querendo fazer Que fé é essa nesse deus de concreto?
Não vou parar por aqui Não posso parar agora Ainda vão me levar daqui A morte não perde a hora
Me jogar é a única alternativa Mas bung jump sem corda é suicídio Eu sempre quis evitar a oitiva Então morrer agora é subsídio?
Só Rogério Ceni é mito Seu presidente é cusão Ouve só, mais um grito Jair com o pau no cu da nação
Um Caravaggio vale milhões Um J.D.C.C vale centavos Não valorizam emoções Só dão valor pros conchavos
Estão citando a obra de Assis: "Bem vindo a igreja do diabo" Faz carinha de anjo feliz Sentando em cima do próprio rabo
O tempo joga xadrez comigo E só um xeque-mate resolve Ainda não sei o nome do inimigo: Chamo de Deep Blue ou chamo de Kasparov?
O tempo não é inimigo O tempo é adversário Esse jogo que ele joga comigo Só põe em xeque o necessário
Tá todo mundo se fazendo de Orfeu Caminham pra frente olhando pra trás Foi pisando em serpente que Eurídice morreu Depois tem que descer ao inferno em busca de paz
Estão com a mente em casulo tipo borboleta em pupa A diferença é que vocês não vão voar Usando o destino como desculpa Pedra no caminho não derruba, só faz tropeçar
"Você não sabe amar" Eu sinto o amor escorregar pela mão Como se eu pudesse segurar Mas deixasse cair no chão
O que é o Partenon Se Atenas habita o Olimpo? Ela era Yoko, eu era Lennon Distância homicida não faz jogo limpo
Só vou escrever meu ódio Não quero falar de amor Minha poesia lutando por pódio Só quero que cure minha dor
Escrevo esse poema com raiva Enquanto a raiva escreve em mim Minhas palavras fazendo gaiva Reles esgoto do meu fim
Sem filme do Hitchcock, eu não faço suspense Sou mais drama, biografia e documentário Dadaísta, minha arte é nonsense Mas o absurdo beira o extraordinário
A poesia faz o resgate Soldado Ryan é leitor Sou um poeta pronto pro abate Querendo o Nobel do amor
População indiferente ao sistema Tipo Grenouille, não fede nem cheira Na verdade nem enxergam o problema Se fazem de Bird Box, só pode ser brincadeira
"O que você quer ser quando crescer?" Pergunta isso pra uma criança no Rio de Janeiro "Eu só quero crescer, não importa o que eu vou ser." Essa resposta é cerol, me corta o peito inteiro
Revolução ainda é um sonho distante Tendo em vista o que fizeram com a nossa nação Olha que ideia brilhante: "Legalizo as armas e corto verba da educação"
Columbine é aqui, olha o que fizeram em Suzano Almas na solidão e o celibato não foi escolha Facilitando a vida de miliciano Cidadão de bem vivendo na encolha
Velocidade O'Conner Dominic te deixando ganhar Quem nasce Will Traynor O amor de Clark não vai salvar
Fazem cara de miss perdendo concurso Frustração canalizada É como a Dilma fazendo discurso: Não canso de dar risada
A mão que bate também faz carinho Igual Projota cantando AMADMOL Ninguém faz merda sozinho: "Olha a intimidade do Moro com o Dallagnol"
Me sinto Vivien Thomas Com Blalock levando a fama O desapego e seus sintomas: "Eu também" pra dizer que me ama
Eu sinto frio, minha alma gelada Mas o inferno é quente demais Eu tenho medo, minha consciência pesada Me vendi como Fausto, eu não sei o que é paz
Eu sou bipolar E nisso não vejo problema algum Eu não sei rezar O que me falta está em hebreus 11:1
Eu que me orgulho de não chorar Chorei ouvindo "Mandume" Só não consigo suportar Quando o choro vira costume
Nesse mundo a liberdade é amarga É foda ter que contar com a sorte Viver sonhando é o preço que a gente paga Só que esperam morrer pro sonho ficar mais forte
Passam o inverno inteiro esperando Pra ver a primavera florindo Só que eu não perco tempo chorando Só ganho tempo sorrindo
Querem fazer chiqueiro Só porque enxergam o lamaçal Sou brasileiro Mas nem por isso eu gosto de carnaval
Sejamos Pitty seguindo na contramão O tempo é abstrato na realidade Não devemos acreditar na solidão Nem sempre ela sabe dizer a verdade
A verdade é que a verdade respira por aparelho Isso independe de crença A dúvida cala o ordeiro Como Getúlio assinando a própria sentença
Nunca se arrependa de se arrepender Sinta, não importa o que você pensa Mas não tenha medo de ler O poema dos olhos da indiferença
Ouça o que eu vou falar: O ego é bom, eles pintam como ruim Eu não sei onde isso vai nos levar São mil negativas a espera de um sim
Vivendo Death note Os nomes já estão no caderno Tô correndo igual Bolt Eu tô fugindo do inferno
Isso é só o que eu penso Não é sísmico, mas causa abalo Todo mundo é Lourenço E vai morrer com a cara no ralo
Olha só que perigo: O machão me matando na internet Mano, eu não ligo Já morri tantas vezes depois de dezembro de 97
Onde o bem se conforma O mal se faz nefasto O foda é que aqui o bem está em reforma Bem vindo ao holocausto
Eu moro em mim E sentir saudade de casa é normal Eu sou Odin E minha sabedoria é banal
Não classifiquei este poema como polêmico, pois creio que a arte não deve ser censurada.
Um de meus poemas preferidos é "Poema sujo" de Ferreira Gullar, que em nome da arte faz uso de palavras de "baixo calão"...
De forma alguma estou me comparando a Ferreira. Estou apenas exemplificando.
Liberdade!
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