Tomem Senhores

Data 09/04/2008 19:09:29 | Tópico: Poemas -> Reflexão

Tomem senhores!
Eu sou a forma dos rostos vazios
onde a fome chora as vidas magras
que à vossa mesa jantais abandono,
pedantes tolos, cobardes e lacaios
ilustres e ruminantes...
Tomem! Sem pejo.
Dou-vos as horas sem Sol nem risos
dessa gente viúva do destino,
que nas veredas da morte cai viva
e vive morta na agonia que vós não sabeis.
... dou-vos as memórias da dor
e os poemas singulares de quem sofre
e não o queria,
de quem nasce e não o sente,
de quem amor já se esqueceu,
quem nada via
por amor à vida um dia!...
Tomem senhores! A utopia.
São verdades cruamente vestidas
delicadamente oferendas suas,
raivas e sufocos por vós definhados
em cada brado louco de uma mãe magoada
dos filhos esvaídos sem breu e do luto
pelo ventre das orações aos deuses ausentes
num mundo tão doente, chacinado
que alguns desdenhosos consentem
testemunhos de genocídios e alucinações.
Tomem senhores!


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=34624