Pousio

Data 09/11/2019 12:04:31 | Tópico: Poemas

A chama do verão no outono
arrefece,

a rara visão do pavio
como a calma com que morre um rio,
cobre o escuro, cabe o mar numa prece.

O chão cai saturado, a terra em fadiga,
em desgraça,
o arado passa, a nada se obriga.
Na muda a semente ferve,
de quente.

O montanheiro lê onde o monte se estafa
e
para que se solte novo verbo,
roda
como moda, como média, contas dum colar,
que avança sem parar num terrível sem-cor.
Desde a sementeira à colheita,
à pergunta achega-se a resposta,
à procura de nova paragem nova,
perfeita.

Manda a regra que esta se quebre,
que no frio da pele gasta
basta o pousio.

E é quando revejo os teus olhos
que sei
desse fulgor.


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