Fortuna

Data 18/11/2019 16:42:41 | Tópico: Sonetos

Não se incomode co'a putrefação,
Que a beleza da vida está na morte:
Uma carcaça podre, sem consorte,
À mercê de necrófagos, no chão.

Não espere de um deus a boa mão,
Nem do fado um sequer pingo de sorte.
Alie-se à desgraça e se conforte
Co'a iminente ruína, meu irmão!

Fite a carniça, amigo! Será tu
Muito em breve! E o famélico urubu
Devorar-te-á com ímpeto ferino!

E só então terá alguma segurança --
Quando fores um corpo sem 'sperança
Consumido p'lo vil verme: o destino.

Castro, 15/11/19



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