
JOANA D'ARC - cordel à beira-mar
Data 07/12/2019 09:39:25 | Tópico: Poemas
| JOANA D'ARC (cordel à beira-mar)
Que dizem as ondas que quebram no cais? -- Marulho de horrores de antigas batalhas... Cem anos de guerra e milhões de mortalhas S'evoca nas pedras do porto em Calais: Tambores e pífaros dando honras reais Àquela que soube os Franceses chamar Contrária a invasores subtis d'além-mar Se disse movida por vozes dos Céus E embora donzela, com homens incréus, Na volta de Ingleses p'ra beira do mar.
Dos anjos e santos, ainda menina Escuta o chamado a elevar o seu rei. Em vestes de moço, contrárias à lei Da igreja e do reino, parece ladina Guerreira submissa à vontade divina Tomada, porém, de fervor sem par. E mística vai de lugar em lugar A ter com vitórias um grande sinal. Coroa seu rei na primaz Catedral E inflama os Franceses da beira do mar!
Por toda a Bretanha e na vil Normandia Franceses se agitam nas praças de guerra E os fortes varões da temida Inglaterra Tiveram de agir com vileza e ousadia: Acusam a jovem de insã bruxaria. Por meio de inquérito diante do altar Até que a fizeram em chamas queimar No afã de apagar dos Franceses o ardor. Contudo, por mártir, com imenso fervor Inspira os Franceses na beira do mar.
O rei e seu povo percebem na moça Sinal de que os Céus estariam com eles. Levantam-se todos, do grande ao mais reles, E expulsam aqueles que vinham sem bossa Pilhando em rapina as cidades e a roça Em guerra por guerra, sem nunca findar. Cem anos passados tão-só a lutar No ardor homicida de irmão contra irmão, Findaram em Joana o conflito cristão, Lembrado nas ondas à beira do mar!
Belo Horizonte - 07 12 2019
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