Textos de Quarentena 31

Data 18/04/2020 22:03:43 | Tópico: Textos

A frustração corrompe os espíritos mais desprevenidos, consome-os e espalha-se pelas pedras da calçada como a água da chuva ou como a hipocrisia num harmonioso sentimento de abismo. Os homens perdiam-se de si mesmos num ritual herético, mas que lhes dava um estranho prazer, um prazer humano.
Aquele de quem todos traziam receio, que consideravam uma causa perdida, apercebia-se dessas coisas com uma antecedência peculiar, estava-lhe no sangue a percepção do medo nos outros.
Os dias na cidade fervilhavam à medida que se adivinhavam mudanças políticas, ali e no mundo em redor. Tudo o que era igual deixava de o ser, as caras deixavam de ser as mesmas e os sorrisos eram engolidos por rostos sem expressão, a face da morte apressava-se no horizonte mais próximo.
Na mansão tudo era um motivo de festa, até mesmo a tristeza ou a falta de motivo. Os bailes carregados de um aparente glamour confundiam-se com as tendências da pintura da época quer competia entre si por meio dos movimentos artísticos das época, gente snob num tempo abstracto.


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