TRISTES SONS

Data 28/04/2020 13:18:13 | Tópico: Sonetos

TRISTES SONS

Uns versos, melancólicos como eu,
Se os confesso ao vazio eu me comovo
Com tal afã, e de novo e de novo,
Que quedo a soluçar feito sandeu...

O abismo ecoa longe o pranto meu,
E o vento torna augúrio quanto trovo
Como se a algaravia d’algum povo,
Que pelas cercanias já viveu.

Tristes e vãos — mas, veros e sinceros.
De trovador de tão triste figura,
Que por plateia tem a noite escura.

Talvez nem versos, antes desesperos…
O que, em última análise, é poesia:
Fazer da própria dor sabedoria.

Formiga - 12 03 1996



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