TRISTES SONS
Uns versos, melancólicos como eu,
Se os confesso ao vazio eu me comovo
Com tal afã, e de novo e de novo,
Que quedo a soluçar feito sandeu...
O abismo ecoa longe o pranto meu,
E o vento torna augúrio quanto trovo
Como se a algaravia d’algum povo,
Que pelas cercanias já viveu.
Tristes e vãos — mas, veros e sinceros.
De trovador de tão triste figura,
Que por plateia tem a noite escura.
Talvez nem versos, antes desesperos…
O que, em última análise, é poesia:
Fazer da própria dor sabedoria.
Formiga - 12 03 1996
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.