Disforme rito de passagem bulímico

Data 22/05/2020 22:41:18 | Tópico: Sonetos

Velas tremidas e oferendas escarnecem
A fôrma, nebulam semitons e destoam
A forma; oblíquos espelhos nos hiatos tecem
Fossários, onde os pratos disformes ecoam.

Porém, ao triste cético, não se revela,
E como um pagão sem deuses, tão só lhe resta
Consumir-se às sombras de sua própria estela,
Regurgitando toda sua oura indigesta.

É quando as nódoas da vida lhe surgem roucas
E as valas da mão morte lhe berram; treslouca!
Transpiram seu invólucro de insensatez.

A reforma da fôrma foi um grito ao mouco;
Mesmo a contrarreforma da forma tampouco
Lavou o sangue já mirrado em sua tez.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=350334