
Cobiça, cobiça minha
Data 23/05/2020 12:39:07 | Tópico: Poemas
|  Eu me calo, me calo, Não há mais razão Pra sujar a lua Que luzia nos jardins, Onde meu olhar de abutre Varria horizontes do desejo, Cobiça, cobiça minha, Tanta sujeira deixei por ai, Só pra ter luz No meu pequenino mundo. Cobiça, cobiça minha, Curvei raios do sol, Que ardiam além, Além, onde a poesia mora E luz a estrela-maior, Que rejeitara habitar Em minha oca mente. Eu me calo, me calo, O sol já não mora No meu olhar curto E nas teimosas sombras Da minha louca mente. Eu me calo, calo, E deixo brilhar o horizonte, Onde jaz a verdadeira poesia. Eu me calo, calo Pra não me sufocar No pó da minha sujeira, Despejada dos encantos, Que encantam a alma, E semeiam sorrisos No semblante dos homens, Que amam a poesia. Morri, morri nos fios da vassoura, Que luso poemas usou pra despejar A minha sujeira dos encantos, Onde meu olhar de abutre Levantava o ciumento pó. Eu me calo, calo E deixo respirar A verdadeira poesia, Que não habita Em minha louca mente.
Adelino Gomes-nhaca
|
|