Poemas : 

Cobiça, cobiça minha

 
Open in new window

Eu me calo, me calo,
Não há mais razão
Pra sujar a lua
Que luzia nos jardins,
Onde meu olhar de abutre
Varria horizontes do desejo,
Cobiça, cobiça minha,
Tanta sujeira deixei por ai,
Só pra ter luz
No meu pequenino mundo.
Cobiça, cobiça minha,
Curvei raios do sol,
Que ardiam além,
Além, onde a poesia mora
E luz a estrela-maior,
Que rejeitara habitar
Em minha oca mente.
Eu me calo, me calo,
O sol já não mora
No meu olhar curto
E nas teimosas sombras
Da minha louca mente.
Eu me calo, calo,
E deixo brilhar o horizonte,
Onde jaz a verdadeira poesia.
Eu me calo, calo
Pra não me sufocar
No pó da minha sujeira,
Despejada dos encantos,
Que encantam a alma,
E semeiam sorrisos
No semblante dos homens,
Que amam a poesia.
Morri, morri nos fios da vassoura,
Que luso poemas usou pra despejar
A minha sujeira dos encantos,
Onde meu olhar de abutre
Levantava o ciumento pó.
Eu me calo, calo
E deixo respirar
A verdadeira poesia,
Que não habita
Em minha louca mente.

Adelino Gomes-nhaca


Adelino Gomes

 
Autor
Upanhaca
Autor
 
Texto
Data
Leituras
912
Favoritos
3
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
34 pontos
2
4
3
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Upanhaca
Publicado: 23/05/2020 13:15  Atualizado: 23/05/2020 13:15
Usuário desde: 21/01/2015
Localidade: Lisboa/loures
Mensagens: 8303
 Re: Cobiça, cobiça minha
A poesia respira de alívio,
A sujeita já não mora aqui.

Enviado por Tópico
Maryjun
Publicado: 24/05/2020 22:54  Atualizado: 24/05/2020 22:54
Membro de honra
Usuário desde: 30/01/2014
Localidade: São Paulo
Mensagens: 7120
 Re: Cobiça, cobiça minha
Boa noite, meu querido poeta. Saudades! Ainda bem que sua visão poética deixar fluir a verdadeira poesia. Parabéns, pelo texto profundo... Um abraço fraterno.

Mary Jun

Open in new window