Meio à insônia destas noites ouço um incansável gotejar das calhas Vem contar o fim das chuvas. Som perdido de uma história secreta Tão cheia de retratos sem história, de uma sempre mesma paisagem Está cheia de monótona saudade com um quê de mistério e solidão
E se um dia só restar o silêncio, deixando todas histórias por contar Nem ao menos os cantos tediosos dessas gotas ao chão despencadas Nem mesmo as falsas lágrimas que do beiral dos olhos se desprendam Que chora pela ausência do existir, em um tempo sem início ou final
Meu então anestesiado coração verá este poema feito de sombras E de palavras cansadas e desfrutará de seu sentido subentendido Achará a paz que prescinde o real escrito nas linhas do horizonte Tão ironicamente presente, paradoxalmente supérfluo e resignado
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