LADRILHOS D’ÁGUA

Data 01/06/2020 03:19:08 | Tópico: Poemas


paredes mortas riscadas a carvão,
algumas gravuras, poucas ternuras
e toda loucura arrastada pelos
longos corredores ladrilhados.
no cubículo; esteira, cobertor carestia,
todas as incertezas e um penico.
há grades na janela, trazem-lhe
um clarear incômodo e restrito.
bem acima do vão da porta sem trinco;
uma tosca e empoeirada imagem
imóvel do vosso senhor Jesus Cristo.
momentaneamente o poeta sorri,
sorrindo parece liberto da sua loucura,
‘se enche de luz no banho de sol diário’.
é por intermédio do astro que manda
mensagens aos outros mártires de cruz,
aos cometas, estrelas, lua e seus rastros.
conta-lhes sobre a sua vida insana e sã.
‘quadriláteros detalhados dias após dias’
andarilha lento no sobrevivido pisar em ladrilhos.
acuado nos raros tempos de lucidez, repagina,
e quando retorna a loucura; escreve poesia.




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