Litania do adeus

Data 28/06/2020 22:18:02 | Tópico: Poemas





No tomo dos dias, vejo.
Despedir-me das madrugadas.
Das manhãs.
De cal em chaga.

Sinto despedir-me das nuvens.
Das águas.
Correntes.
Que desaguam no Lethes

Com ciprestes em alinho.
A estrela.
A única.
Aparece.
Antes do sonho desperto.

Despedir-me, do adeus.
O teu.
Tão imediato.
Que os teus olhos,
ocultam-se nos meus.

Sem tempo.
O tempo.
Corre os recantos da terra.
À míngua.
Enchem-se os cantos da boca.
De palavras.
Em si, se exprimem.
Sem exprimirem as do pensamento.

Despedir-me, da ilusão.
A minha.
Na calçada, onde seduzi a lonjura.
Corria.
Desconhecendo que de mim corria.

Despedir-me, do sentimento.
De desejo.
Beleza eternizada.
Na roseira.
Atada aos ombros.
Ao sangue.
Interna ferida.
Despeço-me.
Até um dia.











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