Petricor

Data 07/08/2020 17:09:16 | Tópico: Poemas

A terra molhada tanto me fala
e com o seu canto de sereia
parece que me chama.
Dá-me cama
e me incendeia,
um encanto que não se iguala.

O que a terra molhada me diz
com olhos doces, de serpente,
sei desde o berço, de cor.
Que de terra em meu redor
vejo as cores, o chamado inclemente,
a cal, o giz.

Como mulher nua no cio,
sente os meus pés enlameados
e geme.
A sismos treme
e temo, tremo por todos os lados,
da lava tenho o frio.

Escavo bem com as mãos e falo
ao ouvido, às suas covas e grutas
e espero que me sinta. Ou nada.
Lembro-lhe que será a última morada
depois de muitas lutas,
e, agora, que deixe cantar o galo...
e outros perfumes...



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