
Segundo Ato
Data 16/09/2020 02:52:54 | Tópico: Poemas
| Pássaros sonham na madrugada. O Homem descreve centenas de pecados projetados no chão.
O Sol devolve cores furtadas no caos.
Desvio pensamentos e palavras no final da rua.
Reclamo: -Está na hora! -Está na hora!
No travesseiro sinto teu cheiro.
Entorpecido me entrego aos campos da saudade.
Renasço em cada século.
Remendo ciclos. Não costuro vestidos com fios de angústia e lágrimas.
Bordo a alma com ternuras.
Às vezes sou um pano desbotado e um nó desfeito no vento.
Vejo a ponta da mesma faca que fere e sangra.
Importa-me a verdade cênica no segundo ato?
Acham-me louco? Descem as cortinas do tempo. Só eu vejo estrelas.
Tempestades passam nesta viagem. Ardem palavras sufocadas. No meio do caminho há recomeços e atalhos. Ainda espero cores e traços de sonhos desenhados na alma.
Há-de restar centelhas de gratidão. Onde queres me levar nessas mãos apertadas?
O que há nesse relógio ?
Repito finais. Deixe-me acariciar o vazio.
A Vida é um laço. Desata-se qual nuvem de abril.
O tempo espia. Hoje sou nada. Amanhã serei a alma que desliza na mudança de cenários.
Sonho dentro de outro sonho. Eu mesmo interpreto Jean Genet.
|
|