Febre
Data 29/09/2020 15:24:42 | Tópico: Poemas
| Há noites que me açoita uma febre pelos meandros da tua ausência Busco detalhes de ti que guardo na memória, entre meu ócio desnudo. É o meu sangue que se agita pelo coração em festa com tua imagem Esta ruminante distância se esvai com a solene chegada de tuas coxas És etérea como as espumas que beijam suavemente a areia e se vão Imerso no sonho vejo teus seios delicados e igníferos de meu desejo Em meio a meu transe realizado em plena luz a sorte vem me tatuar Roubas minha alma num lampejo deixando a tola solidão sepultada No revoo de ondas desdobradas uma vibração distila em mim renascida Tua presença ausente é brilho em meio ao todo resto de tédio opaco Um movimento brota de teus lábios e definitivamente me incandesces Ah teus lábios, eu os vejo como conchas entreabertas de cetim e pérola Mesmo tua miragem é seiva viva, é milagre, o fim do pranto, a lucidez. Mas te queria agora, viva, quente e pronta nesta tarde de primavera. Porque vives em mim mesmo quando sozinho, no orvalho, sonho por ti.
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