Poemas : 

Febre

 
Há noites que me açoita uma febre pelos meandros da tua ausência
Busco detalhes de ti que guardo na memória, entre meu ócio desnudo.
É o meu sangue que se agita pelo coração em festa com tua imagem
Esta ruminante distância se esvai com a solene chegada de tuas coxas
És etérea como as espumas que beijam suavemente a areia e se vão
Imerso no sonho vejo teus seios delicados e igníferos de meu desejo
Em meio a meu transe realizado em plena luz a sorte vem me tatuar
Roubas minha alma num lampejo deixando a tola solidão sepultada
No revoo de ondas desdobradas uma vibração distila em mim renascida
Tua presença ausente é brilho em meio ao todo resto de tédio opaco
Um movimento brota de teus lábios e definitivamente me incandesces
Ah teus lábios, eu os vejo como conchas entreabertas de cetim e pérola
Mesmo tua miragem é seiva viva, é milagre, o fim do pranto, a lucidez.
Mas te queria agora, viva, quente e pronta nesta tarde de primavera.
Porque vives em mim mesmo quando sozinho, no orvalho, sonho por ti.


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
Texto
Data
Leituras
333
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.