Morte traiçoeira

Data 19/01/2021 20:32:32 | Tópico: Poemas


Ó morte, donde vens?
Quem és tu?
Vens e não avisas,
Matas tudo e todos
E não morres,
Ao menos que perdoasse
Seres do teu género:
Crianças
Fadas
E sereias.
Ó morte traiçoeira,
De que é feito tua alma?!
Não sentes
Não falas
Não ouves
Não perdoas
Nem choras
Aos mortos.
Ó morte traiçoeira,
Se um dia a morte
Te bater à porta,
Sentirás o peso da morte,
E, quiçá chorarás
Todas as lágrimas dos homens,
E eu, eu que já mataste;
Não ouvirei teu choro
Não chorarei tua morte
Não orarei por ti
Não estarei no teu velório
Não irei ao teu enterro
Não sentirei tua falta
Nem ficarei com saudades tuas.
E do lado de lá,
Prestarás contas aos mortos,
- vítimas da tua traição.

Adelino Gomes-nhaca



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