Sem Saída

Data 21/01/2021 22:31:05 | Tópico: Poemas

Sem outra saída, a fadiga consome a vida e se estampa como máscara
em nossa cara, o resultado de tantos vazios de espanto e de assombro
no desígnio de nos curvar, deixando este poema murcho de palavras.

Restou na garganta a imagem muda do que calamos em desconcerto,
de tudo aquilo que nos privamos em nome uma esperança irrealizada.
Colhemos nas trevas os frutos do plantio que se prospera em surdina.

A tela vazia reflete uma existência sem brio, um caminho descarrilhado
O pincel jaz contido tal qual o gado no cercado enquanto espera o abate
Indago porque um dia nos permitimos quedar diante da cepa do algoz

Com as asas atadas, nossos passos curtos, nossa bravura caída no oblívio
Somos quase náufragos à deriva, combalidos, sem contudo deixar morrer
A mordaça que nos cala também nos deslumbra qual o visgo da covardia.



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