
O último adeus
Data 27/01/2021 15:35:53 | Tópico: Poemas
| Afinal sou capaz de falar com você assim, de frente Eu chorei muito sobre teus ossos, minha vida inteira Assim, novamente, preencho deste ar meus pulmões Espero que as palavras deste poema não te ofendam Pois na verdade, o que fostes, está em meu coração Não será uma palavra mais tardia que irá te diminuir Meus olhos ainda se enchem de água quando o faço Outro dia decidi contar tudo o quanto nos aconteceu Quando partistes, os meus pilares acabaram por ruir No mundo, não houve mais sombra nesta caminhada Somente o sol inclemente a causticar minhas feridas Revoltado, me indignei e chorei e gritei neste deserto Eu calei, por longo tempo calei, quase me entreguei O sabre da morte vezes pendeu sobre minha cabeça O medo me perseguiu, a dor dessa morte antecipada Mas abri os olhos e vi que não sou um homem morto Que meu sangue derramado nos espinhos do caminho Era apenas uma miséria ímpar, em face a outras mais Que deixei para trás com o lastro de antigas lágrimas Pois descobri que há um mundo afora destas paredes E concedi-me a indulgência de viver outras paisagens Trocando o brilho do passado pela nudez da periferia Estou deixando para trás as armadilhas daqueles dias Que foram tão lindos, mas que já ficaram no passado Vestirei novos caminhos, outro ar. Eu quero outro ar Eu sorrio pelas manhãs, não posso ou quero esconder Perdoe-me, por dizer que hoje estou de novo amando
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