Poemas : 

O último adeus

 
Afinal sou capaz de falar com você assim, de frente
Eu chorei muito sobre teus ossos, minha vida inteira
Assim, novamente, preencho deste ar meus pulmões
Espero que as palavras deste poema não te ofendam
Pois na verdade, o que fostes, está em meu coração
Não será uma palavra mais tardia que irá te diminuir
Meus olhos ainda se enchem de água quando o faço
Outro dia decidi contar tudo o quanto nos aconteceu
Quando partistes, os meus pilares acabaram por ruir
No mundo, não houve mais sombra nesta caminhada
Somente o sol inclemente a causticar minhas feridas
Revoltado, me indignei e chorei e gritei neste deserto
Eu calei, por longo tempo calei, quase me entreguei
O sabre da morte vezes pendeu sobre minha cabeça
O medo me perseguiu, a dor dessa morte antecipada
Mas abri os olhos e vi que não sou um homem morto
Que meu sangue derramado nos espinhos do caminho
Era apenas uma miséria ímpar, em face a outras mais
Que deixei para trás com o lastro de antigas lágrimas
Pois descobri que há um mundo afora destas paredes
E concedi-me a indulgência de viver outras paisagens
Trocando o brilho do passado pela nudez da periferia
Estou deixando para trás as armadilhas daqueles dias
Que foram tão lindos, mas que já ficaram no passado
Vestirei novos caminhos, outro ar. Eu quero outro ar
Eu sorrio pelas manhãs, não posso ou quero esconder
Perdoe-me, por dizer que hoje estou de novo amando


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
Texto
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