
Noturno 6.2
Data 26/02/2021 23:58:26 | Tópico: Poemas
| Na noite que brilha as estrelas, imprimo o verso em folhas secas Sento-me à sombra de dez mil segredos que o vento lírico almeja Em horas tranquilas afogadas no esquecimento acetinado e azul Tenho sede do vinho que refresca a mente e que realça as ilusões
Eu muito andei pelas veredas da vida, vezes contra a correnteza Uma noite no limbo de um beijo apressado sob os ventos do sul Outra a repousar em um colo sereno ao fim da longa caminhada Sei que tudo muda no fio do tempo e se incorpora noutro espaço
O amor pode vir do pecado, penetrante como lâmina de frio aço E tudo desaba retumbante em pedaços na primeva luz da manhã Mas pode vir do coração na resposta contundente a toda dúvida Que sempre insiste em atear chama à vela e põe fim ao labirinto
Quem aspira ao amor, que não se cegue, deve saber que há a cruz Leda, levianamente, pois a vida não corre só ao som dos violinos Sempre chega a hora da partida e o silêncio preenche os espaços Haverá que se perdoar fatos havidos nos idos dias tempestuosos
Amar é ter o fogo que nasce depois dos pontos finais das ilusões Quantos passos já caminhei em espaços ausentes dessa presença Quantas auroras incipientes, quantas noites estéreis e solitárias Receei um dia a mágoa fosse escrever um poema frio e sem rosto
Mas urge se reinventar para habitar o corpo amado com ternura Deixar as incertezas se perderem na distância, meio à névoa fria Celebrar o segredo contido nos suspiros da respiração apertada E ser uno, íntegro e intenso, para a emoção irromper em mil cores
Se o amor é dor, mais é luz, lembre-se nem toda flor tem espinho
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