
Memórias
Data 29/07/2021 15:41:18 | Tópico: Poemas
| Saudade de ti e de teu nome, ave migratória dos mares Porque tua ausência resta plantada e frutifica em mim E mesmo tenhas imergido, teu cheiro de verão me vem A despeito do chão forrado de folhas amarelas caídas
Ora, é frio inverno, inclemente, prenúncio do abandono Nos territórios da noite em que nada e ninguém se ouve Lembro nossa infância inocente, a mágica companheira Das canções de antanho, amor em nossas noites felizes
Também recordo do vento de seus mistérios e segredos Tua presença, tuas mãos, novamente escrita nos versos O aroma daquele perfume, de cujo frasco ainda guardo Contigo, deixei de ser menino, descobri nova caligrafia
Mas tua alma sumiu no passado, o medo limitou teu ser Esvaiu-se a lanterna que alumiava o perfil de teu corpo Um dia acordamos e, no linho da manhã, já não estavas Esquecemos, em passo apressado, o caminho de retornar
Uma voz do passado me chama entre os sibilos da brisa Como quem quisesse subtrair a matéria de tempos idos E mostrar que restou no lençol a mancha daquele amor Como pudesse apagar o que houve da memória de Deus
Ainda que tão longos caminhos jamais me conduzam a ti Deixo a porta aberta, a taça de vinho e o esquecimento Mas te lembro que me libertei daqueles antigos grilhões E que a saudade destes versos, é o adeus que não te dei
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