
O Artesão de Versos
Data 15/09/2021 11:43:53 | Tópico: Poemas
| O que se fez daquele garoto loiro visto a singrar num barco ébrio Embarcado sem saída numa existência trágica, quiçá um exilado Quiçá seduzido por antigas vozes imêmores nas voltas do tempo Paladino das palavras a avançar pelas noites desenhando poemas O poeta a traduzir e inventar alquimias coloridas do vocabulário Sem ter conta do tempo passado a quem é tão-só uma tribulação No mister de agregar letras feitas de anseios qual cativar estrelas Para romper os desvãos do silêncio nas primevas tardes outonais O caos que cala os ouvidos, restando apenas vozes em monólogo Vejo os egos do cotidiano a exibir sua linda amante e não a amam Nem ao menos lhe fazem amor pois vivem de apologias e delírios O poeta não fabrica versos, é antes artesão a burilar os vocábulos Nesse trato artesanal alforria os sonhos aprisionados nas mentes Na varanda, à cadeira de balanço a poesia está além do horizonte Para transmutar em luz o conceito de infinito e segui-la ao longe Sobre a imensidão do mar e sentir a saudade do que nunca se viu Entre a manhã que já se avizinha e a noite que sussurra mistérios Há um hiato no tempo, um som de violino, horas se tardam advir A aurora em confessa delicadeza vai testemunhar das entrelinhas O dever que, ainda na sombra do vazio, ousemos adentrar o eterno
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