
Cena cinco (Epílogo) - Confissão
Data 12/11/2021 03:32:47 | Tópico: Poemas
| Ao longo da muralha das palavras obscuras que nos cercamos Haverá outras tão mais frágeis, menos ilegíveis a nos proteger Outras cristalinas como o som do violino, o barco em partida Haverá umas ditas surdamente, absurdamente, surda e mente O amor desfeito gera a solidão, braços abertos sem o abraçar
Pois a nossa sina é escrever, se oportuno, sonhar além do azul Meus olhos fechados guardam tua imagem, teu corpo e figura Sorvo o ar, teu perfume é tão real que minha face transfigura No perigo de tua ausência, não me passa o lasso esquecimento Mas o receio de não estar presente, quando florirem os lilases
Sigo a caminho do mar, nestes caminhares. Assim o crepúsculo A adormecer os girassóis, cantará uma canção para vires aqui Vou te entregar estes versos, desalojados das hiantes certezas Vou te convidar para bailar em silêncio, acender o candelabro Esculpir um lírio, uma colcha dos retalhos de tanta lembrança
Sou quem sou por todo assombro que passei, assim estou aqui Para abrir janelas, deixar o sol entrar, entornar fora o veneno E, arrefecida essa febre, jamais divisar nossos rostos solitários Nessa pálida aflição escarlate que todos os ardis construíram Ter a alegria única de náufragos ao alcançar a margem segura
Estar a teu lado e jamais permitir dias ausentes sem propósito Levantar a fronte e amar fazendo cada minuto valer uma vida
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