Quem fôra eu senão aquele que deu de beber à morte E agora canto à lua no norte de seu enorme nascente Eu que talvez simplesmente não creia no final sinótico Todavia perceba que aos mortos idade alguma convém Há tempos descobri a verdade sobre a flor da infância Que, imperecível sobre a mesa, era plástica e sem alma Já me senti estrangeiro nesta terra, que não sou daqui Mas bem aceitei, qual oblação viver esta vida por aqui Desde então, foram muitas idas e lágrimas derramadas Porque eu senti a extrema solidão do vento que passa Hoje vim para escrever um poema de palavras gravosas De versos que fendam cada consciência como punhais Palavras vindas dos amanheceres da inocência perdida Para relembrar essa voz extinta, na garganta da cidade Um homem que não se ama, jaz um homem derrotado Fadado a navegar na quietude das caravelas do pranto A tua face é o exemplo de como as coisas evaporaram Uma distração do olhar e, de súbito, nada mais é igual Tive tua boca na minha e não vi o singular ato de tê-la E, em minutos impiedosos nem mesmo o ato de perder O inverno chegou e qual um insulto, eu nem o percebi Nem descobri qual palavra poderá remir os erros meus
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