Silhueta
Data 16/12/2021 03:41:17 | Tópico: Poemas
| Lá nas trevas chove sem trégua, tua face exausta me fita Vejo tua imagem refletida na janela, tua silhueta elegante Teu movimento cadenciado quando teu corpo me escala Sabe o teu dom? Eu me nutro dos teus lábios abundantes Escondida na tua própria criação te desprendes nua e ris Teu voo faz uma lenta curva no ar, treme e me trespassas Por esse tremor, empresto minhas mãos para te descobrir Para celebrar, nesse enigma irrevelado que são teus olhos Tateio as mãos a buscar essa figura de súcubo à meia luz Busco traços de tua fala, na boca que busca minha boca Que vibra ao toque a me revelar que encontrei teu rumo Se o riso é a porta da alma, os dentes são a cerca de casa Grades que invado, finges que me renega, mas me desejas Sou para ti, não temas o cantar desse canto vil e precário Um poema que, nas tuas páginas abertas, afaste a solidão Que traços me trazes, com que letras criastes este sonho Que me desconstruiu os sentidos e me despiu de palavras Chegaste de repente, tomaste minha alma, pois que fiques Não vou te prender, vou deixar este desejo fluir até o fim
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