Poemas : 

Silhueta

 
Lá nas trevas chove sem trégua, tua face exausta me fita
Vejo tua imagem refletida na janela, tua silhueta elegante
Teu movimento cadenciado quando teu corpo me escala
Sabe o teu dom? Eu me nutro dos teus lábios abundantes
Escondida na tua própria criação te desprendes nua e ris
Teu voo faz uma lenta curva no ar, treme e me trespassas
Por esse tremor, empresto minhas mãos para te descobrir
Para celebrar, nesse enigma irrevelado que são teus olhos
Tateio as mãos a buscar essa figura de súcubo à meia luz
Busco traços de tua fala, na boca que busca minha boca
Que vibra ao toque a me revelar que encontrei teu rumo
Se o riso é a porta da alma, os dentes são a cerca de casa
Grades que invado, finges que me renega, mas me desejas
Sou para ti, não temas o cantar desse canto vil e precário
Um poema que, nas tuas páginas abertas, afaste a solidão
Que traços me trazes, com que letras criastes este sonho
Que me desconstruiu os sentidos e me despiu de palavras
Chegaste de repente, tomaste minha alma, pois que fiques
Não vou te prender, vou deixar este desejo fluir até o fim


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
Texto
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