MEU DESEJO É POBREZINHO
Data 10/01/2022 20:15:33 | Tópico: Poemas -> Sociais
| MEU DESEJO É POBREZINHO
Sinto-me cansado. Meu desejo é pobrezinho; naquele pontinho negro, que meus olhos divisam ao longe (ao largo, a horizonte, expelindo fumo pela chaminé) não ir eu também dentro desse barco, no subir e descer, no acaso das marés.
Esse barco, não devia ter leme. Ser como que uma espécie de sempre-em-pé; e ir só para onde as ondas vadias fossem desejo maior; enquanto impelia o ar mais puro, que Deus criara um dia, inda o Homem não se insurgira.
E todas as manhãs - mas todas o sol vinha nos visitar com um ramo de oliveira no bico vermelho de uma ave; escondida por entre os raios luminosos do sol incandescente pela matina. Achava-se, que assim todos estavam bem - e cientes da jornada.
Só uma criança mais curiosa achou por bem ir ter com um adulto e perguntar-lhe: porque não navegaram na direcção de onde teria vindo a ave, visto esta trazer no bico um ramo grosso de oliveira, sinal - lera um dia num livro de escola - de que ali terra haveria, para descanso?
O homem, já de certa idade, sorriu; e achou que a criança se esquecera de que este barco, não tinha leme; para que só desse modo, velas viessem a obedecer aos interesses dos tripulantes; e perguntou ao menino se tinha sede e vontade de ir para uma sombra sadia com mosquiteiros, onde ele pudesse dormitar?
Também eu, resolvi-me a falar com a criança; e disse-lhe: se um dia tiveres um sonho, e, a meio do caminho, te arrependeres, não te deslumbres com as coisas terrenas e de fácil sedução; aproveita o que tens ao teu dispor e aceita o que sonhaste um dia, como aquilo, que é o teu desejo - pobre, talvez, mas ousado: teu.
Só nesse dia, menino, serás um Homem!
Jorge Humberto 09/01/2022
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