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MEU DESEJO É POBREZINHO

 
MEU DESEJO É POBREZINHO

Sinto-me cansado.
Meu desejo é pobrezinho;
naquele pontinho negro, que meus
olhos divisam ao longe
(ao largo, a horizonte,
expelindo fumo pela chaminé)
não ir eu também dentro desse barco,
no subir e descer, no acaso das marés.

Esse barco, não devia ter leme.
Ser como que uma espécie
de sempre-em-pé; e ir só
para onde as ondas vadias
fossem desejo maior;
enquanto impelia o ar mais
puro, que Deus criara um dia,
inda o Homem não se insurgira.

E todas as manhãs - mas todas
o sol vinha nos visitar
com um ramo de oliveira
no bico vermelho de uma ave;
escondida por entre os raios luminosos
do sol incandescente pela matina.
Achava-se, que assim
todos estavam bem - e cientes da jornada.

Só uma criança mais curiosa
achou por bem ir ter com um adulto
e perguntar-lhe: porque não
navegaram na direcção de onde
teria vindo a ave, visto esta trazer no bico
um ramo grosso de oliveira,
sinal - lera um dia num livro de escola -
de que ali terra haveria, para descanso?

O homem, já de certa idade, sorriu;
e achou que a criança se esquecera
de que este barco, não tinha leme;
para que só desse modo, velas viessem a obedecer
aos interesses dos tripulantes;
e perguntou ao menino se tinha sede
e vontade de ir para uma sombra sadia
com mosquiteiros, onde ele pudesse dormitar?

Também eu, resolvi-me a falar com a criança;
e disse-lhe: se um dia tiveres um sonho,
e, a meio do caminho, te arrependeres,
não te deslumbres com as coisas terrenas
e de fácil sedução; aproveita o que tens ao
teu dispor e aceita o que sonhaste um dia,
como aquilo, que é o teu desejo -
pobre, talvez, mas ousado: teu.

Só nesse dia, menino, serás um Homem!

Jorge Humberto
09/01/2022

 
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