Pretensão

Data 15/02/2022 22:01:48 | Tópico: Poemas

Era uma hora densa e isenta da melancolia cotidiana
Desprendida de todas certezas que são pagas a ouro
O astro rei deita-se no horizonte e a aflição me toma
Pois te busco uma rosa tão supérflua e tão essencial
Que cresce no penhasco, soprada pelo vento agreste

Já são cinco da tarde, uma febre imaginária me ardia
Ainda lá resta uma porção de azul, mas já há estrelas
Onde estará a rubra flor, dádiva das grimpas sem fim
Tenho pressa de chegar a lugar algum, quiçá um café
Tomo nas mãos, tão suavemente, o livro que não lerei

Tudo é fantástico, tão impossível, ouves essa música?
Sigo pela rua. Paro. Continuo. Lá adiante é o mundo?
Sobre a mesa, resta um braço separado do seu corpo
Ingrata perspectiva eis o seu dono ali, mas não a rosa
A porta está fechada para esse tanto de humanidade

É noite, e além dela, nada é certeza. Ouço um sorriso
Sigo até a esquina e meus fantasmas me acompanham
Toca o despertador transtornado, são seis da manhã
A luz matutina sorrateira, veio me apunhalar o sonho
Raia novo dia nesta vida proletária. Queria ser poeta




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=361616