Profecias

Data 12/03/2022 10:54:46 | Tópico: Poemas

Os ventos toscos da sorte
Dançantes, vilmente melódicos
Assassinos secos e silenciosos
Que trazem em ombros a morte
E desferem entre si, metódicos
Golpes nus de olhares ociosos

Tombam no campo de batalha
Os corpos de animais sem dono
Bestas sem querer ou crer
Rios de sangue dessa canalha
Que se escorrem ao abandono
Do desejo esquecido de se ser

O mar que se abraça sem sentido
Dói-lhes nas mãos e nada para longe
O sol que triste chora perdido
Cala-se e apaga-se para sempre
O homem que aí tinha vivido
É apenas a memória de ontem

O chão que treme de tanto sofrer
É agora terra cinza e caixão
O último beijo que quis ter
É nada mais que nada
Do silêncio da vida a morrer
Faz-se hino que ninguém canta



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