Quando o pássaro deixou a marca de sangue em sua arte A angústia comandava suas posições, daqui até o infinito Projetando-se sobre todo pensamento infante e desvalido Nem toda porfia vence a tormenta desse núcleo doloroso
Quais ignotas razões se desfiam a conduzir qual caminho Qual vertigem que o coração adentra esfumando a razão A seguir, após dominar os sentidos, o conduz ao abismo Tudo se faz frio tomado de silêncio, só um tropel remoto
Em seu clamor insepulto, há ecos de memórias multicores Fragmentos de tão caras faces, solenes bailam no passado Vozes a recitar juras, imagens lúcidas e vívidas qual fotos De tempos memoráveis deixados na fria escada do tempo
O tempo a tudo anuvia assim o brilho fulvo, o sorriso largo Deslustrando a luz por detrás de nossas pálpebras caladas Resta tão somente um aceno lânguido, um lampejo isolado Esse rumor tão metálico que insiste em me espreitar a dor
É o prenúncio do esquecimento gerado no crisol do tédio No pêndulo mais arcaico das horas, frenético e incessável Cada dia nos rouba pequenas estilhas da felicidade vivida No oblívio semeado, o pássaro esquece que já teve asas
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