
Desafino
Data 11/04/2022 21:06:41 | Tópico: Poemas
| O desafino da harpa rasga as horas de silêncio e insônia A tênue névoa devora as estrelas no céu que foi cristal O poeta se recorda sob a chuva, mágoas de outros dias Dos dias em que conheceu toda indiferença do mundo Estampada nas linhas da amargura dos sonhos desfeitos Seguiu pisando, assim, pelas ruas desertas ao deus-dará E um dia a morte o espreitou oculta no enigma da noite Esperando sem pressa a oportunidade de levá-lo da vida Viu a sua vida esvair-se por um súbito rasgo no coração Não soube dizer o som incolor que veio do silêncio azul Sete anos passados são desse momento quase tragedial O tempo pareceu tão devagar, quase um esquecimento Desceu ao mais fundo abismo levando sonhos nas mãos Do lado de fora o que descobriu foram só ruas mortas Onde ternura é apenas uma palavra pichada num muro Sombras na claridade fugidia dos candeeiros cansados Versos ao léu sem rima e sem melodia, busca sem razão Ah, vida breve, revele a pulsação que lateja, o porquê De querer deixar essa dor escrita, antes do dia acabar
|
|