Poemas : 

Desafino

 
O desafino da harpa rasga as horas de silêncio e insônia
A tênue névoa devora as estrelas no céu que foi cristal
O poeta se recorda sob a chuva, mágoas de outros dias
Dos dias em que conheceu toda indiferença do mundo
Estampada nas linhas da amargura dos sonhos desfeitos
Seguiu pisando, assim, pelas ruas desertas ao deus-dará
E um dia a morte o espreitou oculta no enigma da noite
Esperando sem pressa a oportunidade de levá-lo da vida
Viu a sua vida esvair-se por um súbito rasgo no coração
Não soube dizer o som incolor que veio do silêncio azul
Sete anos passados são desse momento quase tragedial
O tempo pareceu tão devagar, quase um esquecimento
Desceu ao mais fundo abismo levando sonhos nas mãos
Do lado de fora o que descobriu foram só ruas mortas
Onde ternura é apenas uma palavra pichada num muro
Sombras na claridade fugidia dos candeeiros cansados
Versos ao léu sem rima e sem melodia, busca sem razão
Ah, vida breve, revele a pulsação que lateja, o porquê
De querer deixar essa dor escrita, antes do dia acabar



"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
Texto
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