
Sobrevivendo
Data 16/05/2022 15:47:54 | Tópico: Poemas
| Entusiasmado pela cerveja, numa bodega qualquer Imaginarás o amor tal a nuvem cinza que ali flutua Uma fumaça gris de gente tão anônima quão triste Um espelho humano retratado em sua face animal Sem nenhum parentesco com a luz, antes agonia
Mas o verdadeiro amor é o que doma a intempérie O sono e o grito que nascem do avanço do tempo Doa a corações subjugados o fogo que os aquece A vida, passo a passo, acaba por escrever por nós Pois vamos nos reinventado, loucos sobreviventes
O amor tem o gosto salobro que só água de poço Tem aquele mesmo toque macio da lã da casimira Com que nos trajamos para sair em dias da chuva Nos esquivando do ácido dos dias a cada semana Quando acolhemos fragmentos, recriando o verso
Saiba que os amores também brilham na periferia Que pétalas de flor, são tão pétalas nos subúrbios Tal nas coberturas garbosas, plácidas e luminosas Também se veem detritos agônicos do poema cru Que aponta a um novo senso a cada sol dos anos
Em um infinito frisson de palavras jamais escritas Um horizonte sem horizonte transforma o poema Esse animal solitário de todas as ilusões perdidas Sublimará tão louca paixão e desejo em cada linha Causando a nítida sensação que a vida até existe
O poeta passeará a certeza do amor a cada ocaso Para ir na última madrugada, nos braços da morte
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